Núcleo de Pesquisas em Biodiversidade (NPBio)

Apresentação

Um número considerável de medicamentos tem origem vegetal. O Brasil detém a maior biodiversidade do planeta, composta por ecossistemas como a Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado e outros biomas de grande relevância, ainda pouco explorados pela ciência. O Núcleo de Pesquisas em Biodiversidade da UNIP foi criado com o propósito de realizar estudos em larga escala nesses ambientes. Para isso, amostras de extratos vegetais são testadas em modelos biológicos, farmacológicos ou fitoquímicos, posteriormente selecionadas e fracionadas, com o objetivo de identificar o composto responsável pela atividade observada. Programas dessa natureza buscam testar um grande número de amostras em um curto intervalo de tempo, utilizando-se de quantidades mínimas de extrato. O NPBio integra os Programas de Pós-Graduação em Patologia Ambiental e Experimental e em Odontologia, contribuindo significativamente para o avanço das pesquisas nessas áreas.

Objetivos específicos:

  • Formar recursos humanos em Ciências, com ênfase na área da Saúde;
  • Desenvolver estudos voltados à identificação de novos fármacos a partir de plantas da Amazônia e da Mata Atlântica;
  • Identificar substâncias farmacologicamente ativas de relevância para a saúde humana e veterinária;
  • Promover cooperação entre instituições de ensino e pesquisa.

Histórico

Em 1996, o Dr. Drauzio Varella, em parceria com o Dr. Riad N. Younes, inaugurou o Laboratório de Extração. Desde então, os pesquisadores vêm coletando espécies vegetais de diferentes famílias, com o objetivo de obter extratos orgânicos e aquosos a partir do material moído, seguindo protocolos do National Cancer Institute/National Institutes of Health, dos Estados Unidos.

Com o avanço das pesquisas, outros laboratórios foram criados, como o Herbário UNIP e o Laboratório de Botânica, responsáveis por receber e identificar taxonomicamente as amostras coletadas, sob a curadoria do herbário. Atualmente, o grupo de botânica desenvolve estudos em diversos biomas de relevância ecológica, como a Mata Atlântica, a Amazônia, o Cerrado e áreas de Restinga, com foco na dinâmica florestal ao longo do tempo.

Na sequência, foi criado o Laboratório de Triagem Antitumoral, com apoio da FAPESP, destinado à realização de ensaios de citotoxicidade para identificar extratos capazes de inibir o crescimento de células tumorais humanas, in vitro, também com base em técnicas do National Cancer Institute.

Posteriormente, foi estruturado o Laboratório de Microbiologia, voltado à avaliação da atividade de extratos vegetais frente a bactérias relevantes para a saúde humana e veterinária. Paralelamente, implantou-se o Laboratório de Fitoquímica, responsável pelo fracionamento e purificação dos compostos ativos presentes nos extratos, etapa que exige equipamentos de alta tecnologia para o isolamento e a elucidação da estrutura molecular dessas substâncias.

Para viabilizar essa fase do trabalho, estabelecem-se colaborações com instituições de referência, como o Hospital Sírio-Libanês, a UNICAMP e a USP. O princípio que norteia o uso da extratoteca é permitir que cada extrato seja submetido ao maior número possível de ensaios biológicos e químicos, promovendo o acúmulo de dados farmacológicos e fitoquímicos que contribuem para a valorização da biodiversidade brasileira.

Linhas de Pesquisa

  • Triagem de plantas brasileiras com atividade antitumoral e antibacteriana;
  • Modelos experimentais em imunopatologia e imunotoxicologia;
  • Avaliação da resposta citotóxica de extratos vegetais;
  • Avaliação da resposta antibacteriana de extratos vegetais;
  • Avaliação da resposta antioxidante de extratos vegetais;
  • Avaliação da toxicidade de extratos vegetais;
  • Óleos essenciais em plantas amazônicas: variação sazonal e atividade biológica;
  • Estudo da atividade de extratos vegetais contra Escherichia coli;
  • Eficácia de produtos naturais utilizados em produtos auxiliares ao manejo do idoso sob cuidados de enfermagem;
  • Avaliação da influência de plantas medicinais administradas a ratas prenhes sobre o comportamento dos filhotes desafiados por estresse na fase de adultos jovens;
  • Avaliação da atividade de extratos vegetais sobre biofilme dental.

Laboratórios

Herbário UNIP

No meio acadêmico-científico, "herbário" refere-se a uma coleção de plantas secas, devidamente identificadas, etiquetadas e armazenadas em condições apropriadas. Esses acervos são fundamentais para registrar a ocorrência de espécies vegetais em locais específicos e funcionam como referência para diversos estudos científicos, garantindo a rastreabilidade das coletas realizadas.

O Herbário da UNIP foi criado no campus Paulista em 1997, logo após a implantação do projeto “Seleção, extração e identificação de novas drogas antitumorais e antibacterianas de plantas brasileiras”, coordenado pelo Dr. Drauzio Varella em 1996. Executado principalmente na Floresta Amazônica, o projeto gerou a necessidade de armazenar adequadamente amostras herborizadas ("vouchers") das plantas coletadas e utilizadas na produção de extratos no Laboratório de Extração da UNIP, servindo como material-testemunho.

Assim surgiu a coleção científica de plantas da UNIP, oficialmente registrada como HERBÁRIO UNIP na Comissão de Herbários da Sociedade Botânica do Brasil (SBB), em 1999, e no Index Herbariorum, em 2003, sob curadoria do biólogo Dr. Mateus Luís Barradas Paciencia.

Com o fortalecimento das atividades de pesquisa básica na Universidade, novos projetos nas áreas de botânica e ecologia foram incorporados, ampliando a abrangência do herbário, que passou a receber material botânico de diversas regiões do país. Atualmente, o acervo conta com cerca de 11.000 registros, sendo um dos principais herbários privados do Estado de São Paulo. Aproximadamente 6.000 desses registros referem-se a plantas amazônicas (cerca de 1.500 a 2.000 espécies diferentes), consolidando o Herbário UNIP como uma importante fonte de referência para essas espécies.

Mais informações podem ser consultadas na página do New York Botanical Garden – Index Herbariorum (http://www.nybg.org/bsci/ih/), sob o acrônimo UNIP.

Laboratório de Extração

A ideia de pesquisar a biodiversidade amazônica surgiu no início dos anos 1990, após uma visita do Dr. Drauzio Varella à região. Ao observar a ação seletiva de fungos sobre folhas de diferentes árvores, percebeu o imenso potencial científico inexplorado da floresta, bem como a ausência de pesquisas sistemáticas voltadas à identificação de compostos bioativos com aplicações terapêuticas, especialmente no tratamento do câncer e de doenças infecciosas.

Inspirado em modelos de laboratórios do National Cancer Institute, vinculado ao National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos, foi criado o Laboratório de Extração da UNIP, no final da década de 1990. Seu principal objetivo é obter, de forma sistemática, o maior número possível de extratos vegetais de plantas brasileiras para posterior avaliação em ensaios biológicos e farmacológicos.

Atualmente, o laboratório abriga uma extratoteca, ou biblioteca de extratos vegetais, com mais de 2.000 amostras provenientes da Amazônia e da Mata Atlântica, armazenadas a -20 °C em câmaras frias. Cada amostra é submetida a um processo extrativo que gera dois tipos de extratos — um orgânico e outro aquoso — de forma a abranger compostos com diferentes polaridades.

Após extração, as amostras são diluídas em solventes apropriados e avaliadas em modelos biológicos. As que apresentam atividade relevante são fracionadas, e os compostos ativos são isolados, identificados e retestados para confirmação da atividade biológica, sendo comparados a substâncias de referência.

Manter a extratoteca possibilita a disponibilidade contínua de amostras para testes em múltiplos modelos in vitro, otimizando a triagem e a descoberta de novas ferramentas farmacológicas aplicáveis ao estudo de diversas patologias.

Laboratório de Microbiologia

O Laboratório de Microbiologia foi criado com o objetivo de avaliar a atividade antimicrobiana dos extratos vegetais frente a microrganismos associados a doenças humanas e animais. Inicialmente, mais de 1.200 extratos foram testados contra quatro bactérias: duas Gram-positivas (Staphylococcus aureus e Enterococcus faecalis) e duas Gram-negativas (Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli).

Com a incorporação do NPBio aos Programas de Pós-Graduação em Odontologia e em Patologia Ambiental e Experimental, houve expansão dos ensaios microbiológicos. Os extratos passaram a ser testados também contra microrganismos de interesse específico para essas áreas, como Streptococcus mutans, Streptococcus sanguis, Candida albicans, Prevotella intermedia e Porphyromonas gingivalis, relevantes na etiologia da cárie e de doenças periodontais.

Os modelos utilizados são validados e otimizados para permitir a análise de um grande número de amostras por semana, utilizando quantidades mínimas de extrato.

Laboratório de Triagem Antitumoral

Este laboratório foi estruturado com o intuito de avaliar a atividade citotóxica de extratos e amostras naturais frente a linhagens de tumores malignos humanos cultivados in vitro. Sua implementação contou com o financiamento da FAPESP e foi baseada em protocolos do National Cancer Institute (NCI/NIH), que também colaborou com a transferência de tecnologia.

O painel atual de células tumorais inclui sete linhagens: mama, próstata, pulmão, cólon, sistema nervoso central, leucemia e cabeça e pescoço. Mais de 1.200 extratos já foram submetidos a testes citotóxicos, dos quais 120 apresentaram letalidade superior a 15% das células em cultura, quando comparados aos controles sem tratamento.

Esses extratos promissores serão posteriormente fracionados e reavaliados nos modelos biológicos, além de submetidos à análise de suas classes químicas. Está prevista a inclusão de novas linhagens tumorais no painel, especialmente de cabeça e pescoço, bem como células de importância em oncologia veterinária.

Contato

Centro de Pesquisas UNIP - Indianópolis

Rua Doutor Bacelar, 902 - CEP: 04026-002
Fone: (11) 5071-8439
Responsável: Profa. Dra. Ivana Suffredini
E-mail: extractlab@unip.br