Título: Fascismo e Paranoia na Sociedade Midiática
Autor(a): José Luiz Balestrini Júnior
Orientador(a): Profa. Dra. Malena Segura Contrera
Data da defesa: 16/06/2025
Esta tese investiga como o fascismo, compreendido em sua dimensão arquetípica e estrutural, manifesta-se na sociedade midiática digital contemporânea e de que forma um estado de paranoia coletiva atua como sustentáculo para a aceitação e naturalização de discursos autoritários e manipuladores. Partindo da ideia de que o fascismo possui uma base psíquica inconsciente — enraizada em arquétipos, portanto, no inconsciente coletivo, e reativada por condições comunicacionais e sociais específicas —, o estudo analisa como tais estruturas simbólicas são mobilizadas na atualidade por meio dos algoritmos, da desinformação e da cultura de massas, configurando um fenômeno que se denomina aqui como “fascismo algorítmico”. As perguntas que norteiam a pesquisa são: (1) Como o fascismo, em sua dimensão arquetípica, está conectado e se manifesta na sociedade midiática da atualidade? (2) De que maneira a paranoia coletiva contribui para a aceitação de ideologias fascistas que se disfarçam através de discursos que pregam liberdade individual e pluralismo? O trabalho ancora-se na teoria da comunicação (com autores como Malena Contrera, Norval Baitello Jr. e Clemens Apprich) nos estudos da psicologia de profundidade (especialmente C. G. Jung e James Hillman) e na crítica cultural (principalmente com Umberto Eco, Byung-Chul Han e Pier Paolo Pasolini). A análise articula essas abordagens para demonstrar que o funcionamento das plataformas digitais — sobretudo com base nos algoritmos de personalização e nas câmaras de eco — favorece a homogeneização do pensamento, o enfraquecimento do debate público e o reforço de padrões autoritários, ainda que velados sob a aparência de diversidade e escolha. A metodologia é qualitativa, com ênfase em revisão bibliográfica interdisciplinar, complementada por dados quantitativos de fontes confiáveis que atestam o crescimento de práticas fascistas na política e na comunicação globais. Como principal conclusão, constata-se que a paranoia funciona como ambiente psíquico fértil para a instalação de estratégias simbólicas de controle, operadas por meio da linguagem, da imagem e da repetição algoritmizada. A tese propõe, como forma de resistência, o conceito de “guerrilha simbólica” — uma atualização da guerrilha semiológica de Umberto Eco — que visa restaurar o pensamento crítico e a manifestação criativa consciente e anímica, assim como a autonomia narrativa frente ao avanço de um modelo comunicacional que aliena e padroniza.
Palavras-chave: Fascismo; Sociedade Midiática; Paranoia; Algoritmos; Comunicação; Desinformação; Arquétipo.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia e Estudos do Imaginário.