Autor(a): Tadeu Rodrigues Iuama
Orientador(a): Jorge Miklos
Data da defesa: 05/06/2020
Resumo: Haja vista a ocorrência do fenômeno da gamification, que se manifesta sobretudo na incorporação de dinâmicas de competição em outras esferas além dos jogos em si, assim como a percepção de que os jogos estão cada vez mais atrelados e restritos aos jogos eletrônicos, a presente pesquisa norteia-se pela possibilidade da existência de um contraponto a isso, nos quais a lógica do jogo transbordada para outras esferas da vida social não fosse pautada pela competitividade e pela virtualização. Para responder a essa inquietação, a pesquisa divide-se em uma reflexão teórica-crítica acerca da gamification e numa investigação empírica dos larps, modalidade lúdica cuja participação levou a tal indagação. Utiliza-se da pesquisa bibliográfica (na reflexão teórica) e da autoetnografia num contexto de participação observante (na investigação empírica) como aportes metodológicos. Dentre os referenciais que emolduram o quadro teórico, destacam-se Edgar Morin, Raoul Vaneigem e Vicente Romano, uma vez que a pesquisa se posiciona na proposição de um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. A pesquisa justifica-se, sobretudo, pelo ineditismo, dada a escassez de reflexões a respeito do jogo, enquanto fenômeno cultural, nas pesquisas de Comunicação desenvolvidas no Brasil. Sua pertinência se dá pela inexistência de pesquisas que envolvam o larp no contexto comunicacional, mesmo que a prática venha sendo utilizada como atividade cultural por políticas públicas. A relevância se mostra pela utilização de abordagens midiáticas afins ao recorte dado para comunicar temas socialmente importantes. Por fim, a pesquisa aponta para a existência de uma ludocomunicação, ou seja, a proposta de um contraponto à gamification que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover vínculos.
Palavras-chave: Comunicação; Imaginário; Jogo; Larp; Ludocomunicação.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia e Estudos do Imaginário.
Autor(a): Ariana Nascimento da Silva
Orientador(a): Malena Segura Contrera
Data da defesa: 22/06/2020
Resumo: A presente pesquisa trata das reverberações dos conteúdos míticos simbólicos das deusas gregas na construção do imaginário das Influenciadoras Digitais brasileiras, num contexto em que estas Influenciadoras Digitais conquistaram grande visibilidade social e grande impacto comercial. Grandes empresas investiram altas somas nas imagens das influenciadoras, construídas dentro do ambiente digital YouTube e posteriormente no Instagram. O objetivo central foi entender como as Influenciadoras utilizaram os arquétipos ancestrais das deusas gregas e os reconfiguraram como estereótipos de mercado. O objetivo específico foi a análise de cada tipo de canal elencando com as características arquetípicas das deusas gregas Afrodite e Ártemis. Significados foram apropriados e reduzidos a uma interpretação ideológica para vender produtos e propagar um discurso sobre o feminino que não condiz com a mitologia nem com os estudos sobre o imaginário cultural. A partir dessa hipótese central, verificamos que o enorme sucesso dessas Influenciadoras Digitais se deve, em parte, pela presença forte dos conteúdos simbólicos, mais especificamente dos mitos das deusas gregas. Isso gera uma fácil identificação com as suas seguidoras e consequentemente uma forte adesão simbólica, posteriormente convertida em lucro. O método utilizado foi a pesquisa netnográfica entre 2018 e 2020, analisando as métricas dos canais, os conteúdos dos canais, postagens das Influenciadoras Digitais do segmento beleza e saúde/fitness e se elas migraram para a plataforma Instagram. Este trabalho se insere nos estudos das relações entre Mídia e Imaginário desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa em Mídia e Estudos do Imaginário da UNIP, tendo como base conceitual para tratar o Imaginário a proposição de Edgar Morin sobre Noosfera (2007) acerca dos percursos antropológicos do Imaginário e da proposição de Mediosfera de Malena Contrera (2010). Insere-se, nesse sentido, nos estudos que tratam das intersecções entre Mídia e Mito.
Palavras-chave: Internet; Imaginário; Mitologia; Influenciadoras Digitais; YouTube.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia e Estudos do Imaginário.
Autor(a): Ulisses Gomes da Rocha Junior
Orientador(a): Gustavo Souza da Silva
Data da defesa: 25/06/2020
Resumo: ROCHA, Ulisses Gomes da. Cineastas-personagens: o embaralhamento de fronteiras na produção de documentários. 2020. 119 f. Tese (Doutorado em Comunicação) - Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Universidade Paulista - UNIP, São Paulo, 2020.
Esta tese analisa quatro filmes documentários brasileiros, em que os cineastas também são os personagens das narrativas. São eles: Um passaporte húngaro (Sandra Kogut, 2001), 33 (Kiko Goifman, 2002), Diário de uma busca (Flávia Castro, 2010) e Santiago (João Moreira Salles, 2007). A partir da metodologia de análise fílmica proposta por Aumont e Marie (2004), analisamos os aspectos narrativos dos filmes para testar a hipótese de que os cineastas, como personagens de seus filmes, reduzem o distanciamento profissional nas produções documentais e sofrem a interferência da ação em que estão envolvidos. São as características como autobiografia, autorrepresentação, encenação, performance, risco do real e dispositivo fílmico, que contribuem, de alguma maneira, para o embaralhamento de fronteiras entre o lado diretor e o lado personagem, representados pelo mesmo indivíduo. Dedicamos maior atenção aos aspectos relativos à memória, tanto individual quanto coletiva, porque permeiam as produções desse gênero fílmico. O referencial teórico utilizado para a construção deste estudo considerou especialmente as reflexões de Bill Nichols, Maurice Halbwachs, Pierre Nora e Jean Louis Comolli. Por fim, concluímos que os cineastas que decidem realizar um documentário, em que eles próprios são os personagens centrais da história ou têm uma participação importante na narrativa, acabam por sofrer algum tipo de impacto emocional, que faz com que o personagem adquira maior força na narrativa.
Palavras-chave: Cineastas-personagens; Memória; Documentário; Embaralhamento de fronteiras; Risco do real.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Produtos e Processos na Cultura Midiática.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Grupo de Pesquisa em Análise de Produtos Audiovisuais.
Autor(a): Elvis Wanderley dos Santos
Orientador(a): Antonio Adami
Data da defesa: 26/06/2020
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo principal estudar o Rádio como o agente mediador da cultura popular no estado de São Paulo. O objeto do nosso trabalho são as quatro emissoras de Rádio que foram escolhidas dado a sua localização geográfica dentro do estado: na capital paulista, Rádio Capital AM 1040 kHz; na região de Araçatuba, Rádio Clube FM 96,3 kHz; no Vale do Paraíba, Super Rádio Piratininga AM 750 kHz; e a última no litoral, Rádio Guarujá AM 1550 kHz. Dentro deste estudo foram feitas entrevistas estruturadas usando a metodologia da história oral, com alguns profissionais das rádios pesquisadas privilegiando perguntas sobre a cultura e o futuro do rádio com as convergências midiáticas, trazendo uma reflexão sobre o rádio contemporâneo, tornando possível um novo modelo de formatos que acompanhe o legado histórico, mas também que possibilite novas práticas conforme os atuais hábitos de consumo midiáticos. O trabalho pressupõe uma análise de conteúdo desenvolvida por Laurence Bardin (2011) sobre a programação das emissoras pesquisadas. Na revisão bibliográfica, optou-se por adotar os autores: Nestor Garcia Canclini (2011), Stuart Hall (2005), Jesus Martin Barbero (2013), entre outros, que foram de grande importância para o estudo teórico desta pesquisa, além dos estudos do professor Antonio Adami (2014), sobre a história das rádios paulistas. O rádio é uma instituição social, agregando práticas de comunicação que são construídas a partir da sociedade entre agentes e tecnologias diversas, desenvolvendo neste contexto a formação da cultura popular. Por fim, este trabalho visa preencher lacunas no que diz respeito aos estudos do rádio em São Paulo e fomentar o seu papel até hoje como formador da cultura.
Palavras-chave: Rádio; Cultura Popular; Estado de São Paulo; Convergência.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Produtos e Processos na Cultura Midiática.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia, Cultura e Memória.
Resumo: A desconstrução da candidatura de Lula (PT) nas eleições presidenciais de 2018 é abordada na presente pesquisa como um projeto liderado pela Rede Globo, por meio do Jornal Nacional, para tentar prejudicar ainda mais a imagem de Lula durante o pleito. A televisão, como o meio de comunicação de massa mais influente, e o Jornal Nacional, como o telejornal de maior audiência no país, despontam como importantes atores políticos na atualidade. Produzindo uma agenda social, cultural e política que por vezes se alia a determinados grupos de poder, a Rede Globo marca presença no cenário político brasileiro desde a sua criação e, por vezes, buscou intervir em importantes contextos da história do país. Sua principal ferramenta é o Jornal Nacional, que em 2018, atuou por meio de um discurso bem elaborado, e apoiado por estratégias de comunicação específicas, para esvaziar o capital político de Lula (PT) durante a campanha eleitoral, desconstruindo sua imagem como candidato, até a impugnação definitiva de sua candidatura. Para confirmar essa hipótese, foi realizado o levantamento de 18 edições do Jornal Nacional, no período de 15 de agosto à 11 de setembro de 2018, submetidas ao processo de Análise de Conteúdo, que busca através de análises quantitativas e qualitativas, mapear como Lula é retratado nas reportagens, e como esse tratamento pode influenciar a percepção do telespectador.
Palavras-chave: Lula; Jornal Nacional; Eleições.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Produtos e Processos na Cultura Midiática.
Título: Tchau Querida: As Novas Direitas Brasileiras Mobilizadas pelo Movimento Brasil Livre nas Ruas e nas Redes no Período de 2014 a 2019
Autor(a): Talita Lucarelli Moreira
Orientador(a): Carla Reis Longhi
Data da defesa: 29/06/2020
Resumo: A efervescência proporcionada pelas manifestações de rua que se espraiaram pelo país desde 2013 causou trincas no cenário político brasileiro. Tornou-se evidente o crescimento do conservadorismo na sociedade e o fortalecimento de grupos de direita que surfaram na onda das manifestações, dando a seus discursos a abrangência sugerida pelas redes, contando com o suporte de grupos como o Movimento Brasil Livre. Por meio de ações online, o MBL conseguiu reunir números expressivos de manifestantes em atos offline, ocupando as ruas do país bradando contra a corrupção, que para eles estaria encarnada na figura do PT e de todos os que estivessem vinculados a esta sigla. As alterações sugeridas pela inserção das redes como arenas de conversação social para os campos da comunicação e da política, as novas direitas e as reconfigurações dos movimentos sociais e das manifestações de rua contemporâneas figuram como os principais eixos teóricos que fundamentam este estudo. Para melhor compreender como as novas direitas brasileiras se articularam e obtiveram a adesão de segmentos significativos da sociedade, propõe-se uma análise das postagens veiculadas à fanpage do Movimento Brasil Livre no Facebook, no período entre 2014 e 2019, utilizando a Análise de Conteúdo sugerida por Bardin (1977) como suporte metodológico. A pesquisa busca verificar de que forma o MBL se posicionou em momentos que compreendem três governos que representam siglas e projetos de país diversos, em especial nos discursos referentes à luta anticorrupção e ao antipetismo, ordenamentos discursivos vastamente utilizados pelo movimento que auxiliaram em grande medida no processo de adesão social às causas defendidas pelo coletivo.
Palavras-chave: Comunicação; Política; Novas direitas; MBL; Redes.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Narrativas da Memória: Representações, Identidades e Culturas.
Título: Campanha Permanente, Visibilidade Midiática e Propaganda Política: Um Estudo das Estratégias Comunicacionais dos Candidatos Lula/Haddad (Pt) e Bolsonaro (Pp, Psc, Pen E Psl) de 2015 a 2018
Autor(a): Thamiris Franco Martins
Orientador(a): Carla Montuori Fernandes
Data da defesa: 29/06/2020
Resumo: A partir da interface entre Comunicação e Política, este trabalho tem como proposta investigar as estratégias da suposta campanha permanente dos candidatos e partidos que disputaram o segundo turno da eleição presidencial de 2018 – Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva e, posteriormente, Fernando Haddad (PT). Lula foi impedido de disputar o pleito e foi substituído por Haddad. Para tal, o arcabouço teórico contempla três eixos. Num primeiro momento, discute a centralidade da mídia e sua interface com o campo político, incluindo o debate sobre o processo de midiatização dos processos sociais. O segundo eixo conceitual focaliza no debate principal do trabalho, que é a discussão sobre campanha permanente, entendida como a confluência entre a comunicação governamental e a comunicação eleitoral, utilizada como estratégia pelos políticos a longo prazo, visando a manutenção e conquista do poder. (HECLO, 2000; MARTINS, 2016; NOGUERA, 2001). Também se discute a propaganda política e eleitoral, seja nas mídias massivas, seja nas mídias digitais. Por fim, a discussão é a respeito da crise de representação política e do presidencialismo de coalizão, além de apontar as especificidades do contexto político e eleitoral de 2018. Tendo em vista que a eleição foi polarizada entre PT, representado, a princípio, por Luiz Inácio Lula da Silva e, posteriormente, por Fernando Haddad versus Jair Messias Bolsonaro (PSL), pretende-se analisar como corpus os programas da Propaganda Partidária Gratuita (PPG), que foi extinta em 2018. Nesse caso, a análise foi feita a partir dos programas que foram ao ar no período de 2015 a 2017 e, como espaço de comunicação eleitoral, os programas do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) da eleição de 2018. O trabalho parte da hipótese de que o PT utilizou com mais intensidade a PPG para construir a imagem de Lula como candidato. Já Bolsonaro, no período analisado, passou por três partidos (PP, PSC e PSL, tendo chegado a cogitar entrar no PEN), e fez pouco uso da PPG. O foco de Bolsonaro, desde sua atuação como deputado, foi ganhar visibilidade principalmente nas redes sociais e programas televisivos populares. Por isso, foi necessário verificar, no período da PPG dos partidos de Bolsonaro de 2015 a 2017, as postagens em vídeos na página do Facebook do político no momento em que os programas da PPG foram ao ar. Além disso, em função da legislação brasileira que determinou o fim da PPG em 2018, entende-se que os candidatos se deslocaram mais para redes sociais. Portanto, em 2018, foram trabalhados os vídeos mais visualizados de janeiro a julho, postados por Lula e Bolsonaro em suas páginas do Facebook, tornando-se um objeto híbrido de pesquisa. Parte-se da hipótese principal de que há pontos de confluência midiática nas narrativas produzidas pelos pré-candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e por Jair Bolsonaro, ainda que eles tenham produzido representações distintas em diferentes mídias, caracterizando a campanha permanente. Como estratégia metodológica, recorreu-se à Análise de Conteúdo de Bardin (2011) a fim de analisar, separadamente, os objetos de forma quantitativa e qualitativa e, depois, identificar os pontos de confluência e aspectos dissonantes. Verifica-se que os candidatos fizeram uso das mídias de maneira híbrida. Lula e Bolsonaro utilizaram os espaços da mídia massiva e digital para construção da campanha permanente. No entanto, devido à adaptação da gramática da mídia, os discursos nas mídias digitais tenderam a ser mais informais, embora com temáticas semelhantes às mídias massivas. Logo, no contexto da eleição de 2018, as mídias se interconectaram. Quando os políticos perderam espaço na mídia massiva devido à legislação que colocou fim na PPG, eles se deslocaram para as mídias digitais com mais intensidade. Constata-se que as temáticas utilizadas antes do período oficial de campanha, seja na mídia massiva ou na digital, foram retomadas no período eleitoral. Conceitua-se esse processo como “campanha permanente integrada” por fazer uso das mídias, de tal forma que uma complementa e reforça o discurso de outros meios de comunicação num processo de circularidade e atravessamentos, conforme pontuado por José Luiz Braga (2012).
Palavras-chave: Comunicação e Política; Campanha Permanente; Eleição 2018; Propaganda Partidária Gratuita (PPG); Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE).
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Produtos e Processos na Cultura Midiática.
Título: Contágio Psíquico na Mídia Eletrônica
Autor(a): Leonardo de Souza Aloi Torres
Orientador(a): Malena Segura Contrera
Data da defesa: 30/06/2020
Resumo: Esta tese problematiza o fenômeno do Contágio Psíquico a fim de propor uma reflexão sobre surtos psicóticos coletivos a partir dos Estudos do Imaginário. Sua pergunta central é: como certos conteúdos e comportamentos irrompem súbita e coletivamente na mídia e na sociedade, retroativamente, mesmo que por vezes aparentem ser irreais e sobrenaturais? A hipótese central confirmou que por trás do processo civilizatório e do fenômeno da mídia, existe o epifenômeno do Contágio Psíquico: um processo coletivo que reedita conteúdos do Imaginário, fundamentando concepções, movimentos e comportamentos culturais, sociais e midiáticos. A empatia humana e a cultura são ligadores e ligantes entre indivíduos e outrem (interpessoal e intrapessoal), o que possibilita e potencializa a ocorrência de Contágios Psíquicos. Movimentos sociais avassaladores como possessões coletivas, ou melhor, a dominância de uma imagem arquetípica sobre a sociedade, são possíveis graças ao fenômeno do Contágio Psíquico. A mimese é produto e produtora de Contágios Psíquicos, cuja retroação faz os corpos de um grupo se sintonizarem, gerando ações unificadas. Diferentemente do que os autores do séc. XIX e XX discorreram, o corpo é um potencializador do contágio e do rebaixamento da consciência, mas não sua causa. Com o advento da mídia eletrônica e das redes sociais digitais, e a partir de uma superpopulação e de um milenar paradigma judaico-cristão que nega o corpo, o indivíduo contemporâneo está cada vez mais em massa e menos em multidão. A massa é o estado apático da mente e do corpo. O Contágio Psíquico não pode ser encontrado somente em surtos considerados anormais e isolados, todavia também no cotidiano humano e na atualidade, o que difere um surto de uma tendência são as intenções mercadológicas. Para tanto, o primeiro passo metodológico da pesquisa consistiu na coleta e análise de casos verídicos de surtos coletivos comprovados cientificamente, a partir de uma revisão bibliográfica. Além disso, em casos atuais e provenientes da internet, o trabalho ainda utilizou a ferramenta Google Trends para comprovar a dinâmica de contágio; e ainda, usou-se pesquisas documentais (livros, documentários, notícias e relatos) com intenção de aprofundamento dos casos comprovados. Com este material, utilizou-se o Método da Complexidade (MORIN, 2007) para análise dos casos, com o intuito de pontuar as relações, isto é, a trama fenomenológica do tema. Visto que a coleta dos casos de Contágio Psíquico tendeu para toda a história da humanidade, colocou-se como limitante o tempo de pesquisa, isto é, a coleta dos casos durou doze meses, um terço da trajetória de doutoramento, restando outro ano para análise, o ano final para fechamento. Fundamentalmente, o trabalho escolheu suas bases nos conceitos de contágio, contaminação, possessão coletiva, Inconsciente Coletivo nas Obras Completas de Carl Gustav Jung. Participation Mystique de Lévy-Bhrul (1923). Utiliza-se o paradigma da Complexidade de Morin (2007) (2011); (2012a); (2012b). O termo Imaginário é tratado com Durand (2016). O termo Mediosfera será tratado por Contrera (2017). Empatia, Emoção e Mimese serão vislumbradas por Waal (2012), Damásio (2000), Gebauer e Wulf (2004) e Contrera (2014). A relação da mídia, sociedade e do capitalismo são pontuados por Morin (1990), Sodré (2013) e Contrera (2017). A conceituação do termo Cultura será tratada por Morin (1990). O termo Imagem Midiática é discutido por Baitello Junior (2014) e Contrera (2017). Imagem, Símbolo, Mito, Arquétipo e Imaginação são trazidos a partir de Jung (2008), Hillman (1993), Chevalier e Gheerbrant (2015), Durand (2016), entre outros. Consciência e Consciente é entendido a partir de Jung (2008) e Damásio (2000).
Palavras-chave: Contágio Psíquico; Imaginário; Cultura de Massas; Rebaixamento de Consciência; Comunicação.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia e Estudos do Imaginário.
Título: Comunicação e Memória: Narrativas Orais de História de Vida dos Produtores e Distribuidores da Tribuna Metalúrgica no “Novo Sindicalismo” (1978 A 1985)
Autor(a): Cristine Gleria Vecchi
Orientador(a): Barbara Heller
Data da defesa: 11/11/2020
Resumo: Durante o “novo sindicalismo” (1978 a 1985), o Brasil vivia sob o regime militar autoritário, condição que dificultou a organização dos trabalhadores e cerceou a liberdade de expressão e de imprensa dos mais variados periódicos e grupos sociais. Os jornais sindicais não foram exceção, mas, como foram produzidos muitas vezes clandestinamente, cumpriram papel importante na defesa dos direitos de diversas categorias fabris, entre elas, a dos metalúrgicos do ABC Paulista. Com base nessas informações e a partir do entendimento de que a memória é socialmente construída, determinamos nosso tema de pesquisa: as memórias da clandestinidade, isto é, as narrativas de história oral de vida de pessoas que produziram e/ou distribuíram os jornais Tribuna Metalúrgica, seu Suplemento, bem como o ABCD Jornal, quando o Sindicato esteve sob intervenção do governo militar. Para tanto, partimos da pergunta central: como a memória subterrânea (POLLAK, 1989) dos produtores e distribuidores desses periódicos durante o “novo sindicalismo” é enquadrada para criação de uma memória coletiva (HALBWACHS, 2003) do grupo? Interessou-nos compreender como a experiência do passado é revelada, reorganizada e reelaborada no tempo presente. Por meio do método de Narrativas Orais de História de Vida (PERAZZO, 2015), consideramos não só as memórias evocadas sobre o tema da pesquisa, mas a trajetória de vida do depoente, pois acreditamos que o conjunto de experiências do sujeito, desde a sua infância, acabam por moldar e esculpir sua atuação por toda a vida. A partir das narrativas de oito depoentes (profissionais da comunicação e metalúrgicos sindicalistas), respondemos à pergunta central: a memória subterrânea foi enquadrada (POLLAK, 1989) em vários momentos na memória coletiva do grupo. Além disso, devido à intensa militância dos entrevistados, os vestígios datados da memória (POLLAK, 1992) compareceram em todas as narrativas, ficando ausente a vida privada em alguns momentos, mas, quando evocada, associada a datas de eventos públicos.
Palavras-chave: Tribuna Metalúrgica; Memória; História oral; Novo sindicalismo;
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Narrativas da memória: representações, identidades e culturas.
Título: Fluxos musicais paulistanos alternativos entre ruas e redes: territorialidades, performatividades e negociações nos ativismos queer
Autor(a): Everton Vitor Pontes da Silva
Orientador(a): Simone Luci Pereira
Data da defesa: 16/12/2020
Resumo: A pesquisa centra-se na compreensão dos elementos das culturas populares e identidades regionais que atravessam os ativismos queer que se desenrolam entre ruas e redes nos circuitos artísticos/musicais do Baixo Augusta e Anhangabaú em São Paulo/BR. Privilegiamos as negociações e confluências culturais presentes nas cenas/circuitos musicais e da vida noturna e a movimentação e trocas constantes que se desenrolam na Rua Augusta e suas imediações (em direção ao Anhangabaú), onde esses fluxos locais e globais mostram-se em constante efervescência e hibridismos, buscamos através desse estudo observar como esses elementos subculturais/alternativos e presentes nas bordas se articulam para além dos fluxos das ruas, reverberando nas trocas e conexões das redes. Fazemos isto por meio de uma pesquisa de inspiração etnográfica (online e nas ruas) que toma como enfoque a construção de identidades através da indumentária, corporalidade e performatividade presentes nas práticas de consumo artístico/musical e sentidos de estilo de vida nesses circuitos. Dialogamos e trazemos, também as produções artísticas/musicais de alguns artistas que dialogam com o alternativo-queer de diferentes formas: seja na relação com o queer em sua construção estética, sejam nos aspectos sonoros que mesclam gêneros musicais tipicamente regionais brasileiros flertando com o pop e o indie do mainstream, ou ainda com as letras das músicas que constroem narrativas de engajamento sociopolítico ligado às maiorias desfavorecidas, pertencentes a essa movimentação e potência do queer nesse éthos-alternativo, e buscamos compreender como o consumo das produções desses artistas reverberam em potências sociais, culturais e políticas que refletem nessa cena/circuito alternativo-queer. Nesse processo de negociações e trocas em meio aos fluxos urbanos inseridos no Baixo Augusta, percebemos diálogos com ideologias sociopolíticas mais amplas e engajamentos vinculados a grupos de ações disruptivas (LGBTQIA+ não-normativos e seus desdobramentos nos feminismos, movimento negro e elementos periféricos) através de negociações fluidas, porem conflituosas que tomam outros sentidos e proporções se intensificando nas redes sociais digitais com a produção de memes críticos e politizados, assim como, nas interações proporcionadas pelas lives de artistas pertencentes a essa cena/circuito, festas remotas promovidas pelas casas noturnas dessas territorialidades, e também aquelas articuladas pelos próprios agentes sociais em conexão, a partir das limitações causadas pelo distanciamento social devido a pandemia do Covid-19, que converteu tais fluxos urbanos em fluxos virtuais no ano de 2020.
Palavras-chave: Éthos-Alternativo Queer; Culturas Juvenis; Territorialidades; Cultura Popular/Regional; Fluxos Urbanos/Virtuais; Engajamento LGBTQIA+.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: UrbeSom - Grupo de Pesquisa em Culturas Urbanas, Música e Comunicação.
Título: A FELICIDADE COMO PRODUTO DO MARKETING RELIGIOSO NO MERCADO DE BENS SIMBÓLICOS: Um estudo sobre o modelo comunicacional da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)
Autor(a): Sandra Penkal
Orientador(a): Jorge Miklos
Data da defesa: 18/12/2020
Resumo: A temática desta tese versa sobre o ideal de felicidade que na sociedade capitalista de consumo é reificado, monetizado e transformado em produto do marketing midiático e religioso. O objetivo residiu na investigação do posicionamento das agências religiosas, em específico da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), com relação a comercialização de produtos e serviços direcionados ao mercado de bens simbólicos, por meio de estratégias que oferecem a felicidade, sublimada em produtos e serviços tangíveis e intangíveis, amplamente valorizados na fase do capital imaterial. Tomou-se como corpus da pesquisa 12 vídeos de maior relevância coletados do Blog de Renato Cardoso, bispo da IURD, no período de janeiro/2018 a junho/2020. A metodologia de análise foi a análise de conteúdo, proposta por Laurence Bardin. O referencial teórico que lastreou a discussão apoiou-se nas ideias de Zygmunt Bauman e seu conceito de modernidade líquida no qual ele postula que no consumo líquido, o consumidor passa a ser a mercadoria. Contribuíram também os estudos de Gilles Lipovetsky que agregou o conceito hiperconsumo e a felicidade fetichizada. Na esteira de uma teoria da comunicação em rede, integrou o conceito de bios midiático proposto por Muniz Sodré. A pesquisa também apresenta os estudos sobre o imperativo da felicidade e sua monetização, descritos por João Freire Filho e sobre os altos investimentos que se emprega para alcançar uma vida feliz, e suas reflexões sobre as influências da mídia na promoção do capital humano. Leonildo Campos ofereceu uma contribuição sobre a dinâmica da Igreja Universal do Reino de Deus inserida na lógica de um empreendimento neopentecostal, marcado por uma estruturada organização, através de um grande investimento em marketing e uma agressiva estratégia comunicacional, que promove produtos religiosos no mercado de bens simbólicos. Os resultados apontam que no coração da sociedade líquida midiatizada, a IURD – agência religiosa neopentecostal que aposta no marketing religioso como modelo de negócio - se apropria do ideal de felicidade e o converte em mercadoria monetizada ampliando o seu portfólio de bens simbólicos.
Palavras-chave: Comunicação; Religião; Consumo; Felicidade; IURD;
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia e Estudos do Imaginário.