Dissertações Defendidas - 2024

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação

Título: O show tem que continuar: adaptações da TV aberta ao sistema de vídeo sob demanda

Autor(a): Erick Borges Vieira
Orientador(a): Profa. Dra. Clarice Greco Alves
Data da defesa: 19/02/2024

Esta dissertação explora a evolução da televisão com ênfase na transição da TV tradicional aos serviços de streaming, destacando as transformações nos processos de produção, distribuição de conteúdo e consumo de mídia. No âmbito dessa mudança, buscamos resposta para as seguintes questões: qual é a oferta de produtos das plataformas de streaming em comparação com a programação da TV linear? Há produção específica para essas plataformas, que não sejam transmitidas na TV aberta? Há abertura nos serviços de streaming para interatividade com o telespectador? A pesquisa concentra-se na análise exploratória e qualitativa dos portais de streaming das cinco maiores emissoras de televisão brasileiras: Globo (Globoplay), SBT (SBT Vídeos), Record (PlayPlus), Bandeirantes (BandPlay) e RedeTV (RedeTV Go). O objetivo geral é compreender como a migração desses cinco principais canais de TV para o streaming, aliada à era da convergência de mídias, impacta os processos de produção e de consumo audiovisual. Como objetivos específicos, pretendemos descrever os portais de streaming das emissoras de TV brasileira mencionadas, identificar semelhanças e diferenças no que tange aos programas na oferta dos produtos audiovisuais, presença conteúdo exclusivo, formatos e formas de interatividade, identificar os sistemas de distribuição, participação e utilização de novos aplicativos e produtos e compreender como essas emissoras utilizam as redes sociais como ferramentas estratégicas para a divulgação de seus serviços de streaming. O estudo incorporou teorias sobre a cultura da convergência (Jenkins, 2009), a terceira fase da televisão contemporânea (Lotz, 2017) e explora a relação entre tecnologia, cultura e sociedade (Williams, 2016) e reflexões acerca das transformações tecnológicas na TV (Cannito, 2010). Por fim, destacamos que os resultados da análise demonstram que os serviços de streaming aparecem como protagonistas na produção e distribuição de conteúdo e apresentam uma nova forma de assistência, inaugurando um novo processo na programação televisiva, agora pautado pelas demandas individuais dos espectadores, mas com a ausência de possibilidades de interação entre usuários.

Palavras-chave: Evolução da televisão; streaming; cultura da convergência; interatividade; TV brasileira.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Produtos e Processos na Cultura Midiática.

Título: Tecnoimortalidade: a inutilidade do corpo e a redução simbólica do imaginário da imortalidade a partir da série Altered Carbon

Autor(a): Marta Beatriz Conceição Guedes
Orientador(a): Profa. Dra. Malena Segura Contrera
Data da defesa: 11/03/2024

Este trabalho objetiva investigar as representações do corpo apresentadas na série Altered Carbon, desde a sua primeira manifestação, enquanto matéria orgânica, passando pela sua relação com o mito, até chegarmos à sua desmaterialização no corpo hologramático habitado por uma Inteligência Artificial. Além disso, é objeto teórico da investigação entender se a imortalidade tecnológica apresentada na série, e apregoada pelo movimento transumanista, se mostra como uma consequência da dessacralização do corpo. A problemática da dissertação é: em que medida a cosmovisão transumanista, refletida na série Altered Carbon, por meio do massivo investimento em ciência e tecnologia, vende a ideia de imortalidade tecnológica, com base no apagamento do corpo, reflexo do desencantamento do mundo. Seria a tecnoimortalidade a redução do valor simbólico do corpo e da transcendência decorrente da cultura mediática? A metodologia utilizada tem base na análise de conteúdo, de Bardin (1988). O primeiro capítulo apresenta a série Altered Carbon, veiculada na Netflix, sendo composta por duas temporadas, com 18 episódios no total. Neste capítulo ainda são apresentadas as principais personagens da série e como o corpo e a imortalidade são exibidos na ficção, por meio da análise das cenas mais relevantes para investigação do objeto da pesquisa. No segundo capítulo é feita uma digressão do corpo arcaico até o corpo hologramático, partindo do corpo mitológico e passando pelas categorias de corpos identificadas na série. O terceiro capítulo traz os conceitos simbólicos de morte e imortalidade, percorrendo o caminho desde a irrupção da imagem de imortalidade e sua simbologia, chegando ao atual desejo tecnófilo de imortalidade tecnológica. Utiliza-se de pesquisa no site IMDb para demonstrar a relevância do tema, bem como o aumento do número de produções mediáticas versando sobre imortalidade; pesquisa na internet de casos de tentativa de imortalidade ou de retardamento da morte; e ainda, usa-se pesquisas documentais (livros, documentários e notícias) com intenção de aprofundamento da virtualização do corpo em prol da imortalidade tecnológica. Fundamentalmente, o trabalho tem base nos conceitos de corpo, morte, imortalidade, consciência, tecnologia e transumanismo. Utiliza-se o paradigma da Complexidade de Morin (2011). O termo transumanismo é tratado com Estulin (2019) e Ferry (2018). O termo corpo e seu apagamento são discutidos por Keleman (2001), Le Breton (2013) e Contrera (2005). Imagem, Símbolo, Mito, Arquétipo e Imaginação são trazidos a partir de Jung (2008), Chevalier (2020), Eliade (2018). A morte é tratada a partir de Morin (1970, 1975). O termo imortalidade foi desenvolvido por Alexandre (2018, 2022), Baudrillard (2002), Jung (2022) e Eliade (2018). Consciência e Consciente são entendidos a partir de Jung (2013) e Neumann (2008). Iconofagia é tratado a partir de Baitello Jr. (2005).

Palavras-chave: Corpo; Imortalidade; Transumanismo; Imaginário; Iconofagia.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da mídia para a interação entre grupos sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia e Estudos do Imaginário.

Título: No Bixiga, sobre o Bixiga: produção audiovisual, representações e identidades urbanas em disputa

Autor(a): Fábio Ranzani de Paiva
Orientador(a): Profa. Dra. Simone Luci Pereira
Data da defesa: 22/04/2024

O Bixiga é um território intercultural, com características periféricas, na região central da cidade São Paulo, mas que, historicamente, foi representado hegemonicamente como bairro italiano, no qual a produção audiovisual tem importante papel. O objetivo desta pesquisa é: compreender a contribuição do audiovisual periférico para o tensionamento das representações hegemônicas, propondo novas formas de percepção e (re)construção deste território. O corpus de análise envolveu as práticas e produções dos Coletivos Cinequebrada e Caramuja - pesquisa, memória e audiovisual, produtora do documentário Oxente, Bixiga! (Fagundes; Vargas, 2021). A escolha por esse recorte se deu pelo entendimento de que ambos exercem o ativismo político - no Bixiga e sobre o Bixiga -, através do audiovisual e dentro de uma perspectiva periférica ou contra-hegemônica, a partir de três eixos: produção audiovisual, atividades de formação e cineclubismo. A metodologia adotada foi a articulação entre análise fílmica e contextual, que envolve a análise da produção audiovisual (Prysthon, 2008; Souza, 2012, 2016) dos coletivos; e b. o trabalho de campo de inspiração etnográfica (De Oliveira, 2018; Geertz, 2008; Marcus, 1995; Pereira et al., 2024) em eventos, oficinas, exibição de filmes e diárias de gravação entre outros. Com base na análise contextual e fílmica, partindo do campo à teoria (Agier, 2015), buscamos compreender como esses coletivos constroem novas perspectivas de identidade e representação (García Canclini, 2001; Hall, 2003, 2014, 2016; Martín-Barbero, 2014b), tendo como perspectiva de abordagem a noção de comunicação urbana (Caiafa, 2002, Pereira; Rett; Bezerra, 2021) e as dinâmicas espaciais e de mobilidade na cidade (Aderaldo, 2017, 2021; Massey, 2000). Buscamos, assim, compreender novas foras de representar e construir a cidade e as formas de viver urbano.

Palavras-chave: Identidade/representação; Bixiga; comunicação urbana; produção audiovisual; perspectiva periférica.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Contribuições da mídia para a interação entre grupos sociais.

Título: A CARNE PRETA É A MAIS ENGRAÇADA DO MERCADO: Um estudo sobre os estereótipos do negro nos programas de humor da televisão brasileira

Autor(a): Jorge Luis da Hora de Jesus
Orientador(a): Prof. Dr. Maurício Ribeiro da Silva
Data da defesa: 17/06/2024

Esta dissertação tem como objetivo analisar os estereótipos do negro na televisão brasileira, a partir dos programas de humor. O eixo central dedica-se a observar de que maneira estas agressões são diariamente apresentadas de forma invisibilizada que revisitam o olhar e o comportamento colonizador sobre as minorias usando como pano de fundo o humor (ferramenta de entretenimento) na televisão brasileira. O arcabouço teórico da pesquisa está baseado nos conceitos de Thompson (2011), que afirma que a comunicação deve ter sua análise, ao menos em parte, baseada no contexto social. Esta pesquisa parte do princípio de que a mídia brasileira se encontra ainda sustentada por uma narrativa em que o negro tem um estereótipo muito bem demarcado e que se reveste da forma como o europeu enxerga o Brasil. A hipótese é de que a produção do humor pode reiterar processos de estigmatização social e que a mídia hegemônica perpetua estereótipos raciais, permitindo que este estudo explore como essas dinâmicas se manifestam e são replicadas nos conteúdos de humor. A proposta metodológica para aplicação da base teórica refere-se à abordagem qualitativa, conforme descrito por Gil (2021). Como objeto de estudo, selecionou-se de forma aleatória através do google imagem os personagens e programas de humor para analisar os elementos estruturais do humor na televisão brasileira. Como resultado, buscou-se observar prioritariamente os programas humorísticos, uma vez que neste espaço as fronteiras são naturalmente imprecisas, possibilitando um jogo de posições em que o preconceito pode tanto ser manifesto como tomado como denúncia.

Palavras-chave: Humor; negro, televisão brasileira; estereótipo, mídia.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia e Estudos do Imaginário.

Título: Imaginário e causas sociais nas relações de visibilidade e audiência na telenovela Pantanal (2022)

Autor(a): André Luiz da Silva Camelo
Orientador(a): Prof. Dr. Maurício Ribeiro da Silva
Data da defesa: 24/06/2024

Esta pesquisa discorre a partir da perspectiva cultural de um fenômeno midiático que foi a telenovela Pantanal (2022) produzida e transmitida pela TV Globo. Este fenômeno reverberou em várias mídias e gêneros televisivos. Marcando a volta do audiovisual brasileiro, após uma pandemia mundial de coronavírus (Covid-19), em especial da volta da teledramaturgia brasileira. A telenovela passava por um período de reprises onde a audiência já não atingia a grandes números. Neste momento histórico, além do conturbado momento político brasileiro, com várias autoridades eleitas com discursos negacionistas, antiecológicos e contra a cultura brasileira. A TV Globo precisava acertar em sua retomada, para isso escolheu a telenovela que mais mexeu com a audiência na década de 1990. Principalmente por ser realizada por uma emissora de TV menor e com menos estrutura. A telenovela Pantanal ainda estava nas lembranças de muitos, com um sentimento quase de nostalgia, mas nos jovens veio com um frescor e novidade. O fato é que Pantanal (2022) se tornou um fenômeno assim como sua versão de 1990. Assim como sua primeira versão, a Pantanal de 2022, surgiu com grandes inovações técnicas, e uma primorosa linguagem cinematográfica, além de temas adaptados e voltados a sociedade contemporânea (LGBTQIAP+, a emancipação da mulher, a questão das queimadas, o agronegócio) que buscaram agradar o maior público possível. Além de uma escalação de elenco de forma brilhante, com nomes consagrados e novos artistas, tudo junto com uma “máquina” de divulgação. Temos como primeiro objetivo entender a evolução da televisão, e a importância da audiência para a televisão comercial, que é totalmente custeada através da monetização da audiência. O segundo bjetivo específico mensurar o tempo de exposição de cada personagem, de acordo com metodologia própria, para isso utilizamos a ferramenta de análise de tendências Google Trends de modo a dimensionar o comportamento de interesse do público manifesto na busca por informações associadas aos principais personagens da telenovela, durante seu período de exibição. Com a finalidade de confirmação de tal interesse, também foram levantados dados relacionados com comportamento de interesse referente aos atores que atuaram na representação de tais personagens, buscando dimensionar a efetiva visibilidade dos personagens no enredo. A análise dos dados trouxe elementos que contradizem a lógica do dimensionamento do vínculo a partir da duração da exposição da imagem: personagens como José Leôncio, que protagoniza a história, ou Jove, seu filho que ao mesmo tempo participa da narrativa principal em processos de disputas com o pai além de conduzir um ramo próprio a partir de sua relação com Juma Marruá, os quais participam de grande volume das cenas transmitidas, apresentam comportamento de interesse significativamente inferior a outros personagens cuja exposição é menor, seja no volume ou na frequência de participação em cenas, tais como o Velho do Rio, Maria Marruá ou a própria Maria Bruaca. Por que personagens com pouco tempo de exposição conseguiram despertar mais interesse no público? Nossa hipótese é que a cultura foi o motivador deste interesse. Através da pesquisa conseguimos identificar elementos que remontam não só a cultura rural mas ao folclore pantaneiro, dessa forma podemos considerar que há um novo padrão, não só a visibilidade mas também o imaginário contribuiu para esse sucesso. Concluímos que apesar da visibilidade ser de grande importância, foi observado que o imaginário, os fatores míticos, culturais e folclóricos contribuem para essa adesão do público, e o que refletiu a audiência. Para isso fomos comprovar buscando dados na mídia especializada e na análise de interesse do público. Para atingir esse objetivo recorremos a autores com Guy Debord, Edgard Morin, Arlindo Machado, Muniz Sodré, Malena Segura Contrera, entre outros.

Palavras-chave: Imaginário; visibilidade; audiência; telenovela pantanal; google trends.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia e Estudos do Imaginário.

Título: Cracolândia na Mídia: Vulnerabilidades e Silenciamentos

Autor(a): Sandra Cristina Pedri
Orientador(a): Profa. Dra. Barbara Heller
Data da defesa: 24/06/2024

Este trabalho faz uma análise do que e como as mídias digitais têm divulgado o tema “Cracolândia” na ferramenta Google, na data aleatória de 17/09/2023, às 14 horas. Para compreender a origem da Cracolândia, iniciamos com um breve estudo das políticas sociais (citadas nas mídias pesquisadas) aplicadas a esta população composta, em boa parte, por dependentes químicos que circulam pela região central da cidade de São Paulo. Além disso, foi feita, também, uma análise de como a mídia mostra a Cracolândia e a dependência química, passando brevemente pelas ações governamentais que, em sua maioria, são de violência em vez de assistência social. Por fim, foi feito um estudo dos títulos das notícias encontradas nas primeiras 20 entradas, bem como dos lides de cada uma delas. Concluiu-se que as vozes das pessoas em situação de rua na Cracolândia praticamente não aparecem nas notícias analisadas e que as notícias demonstram o poder do Estado por meio da repressão, tentativas de internação compulsória, dispersão entre outras ações. A Cracolândia é mostrada à população como um território perigoso em que os vulneráveis estão silenciados e são vistos como bandidos, desordeiros etc.

Palavras-chave: Cracolândia; políticas-sociais; comunicação; mídias digitais; vulnerabilidades e silenciamentos.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia, cultura e memória.

Título: Estereótipos Masculinos no seriado Machos Alfas: Tensionamentos acerca das Noções de Masculinidade

Autor(a): Adrianne de Paula Fonseca
Orientador(a): Profa. Dra. Malena Segura Contrera
Data da defesa: 28/06/2024

Esta pesquisa buscou investigar a interseção intersecção entre cultura de massa, gênero e masculinidades, focando na forma como as representações midiáticas influenciam e são influenciadas pelas construções sociais e culturais de masculinidade. A pesquisa explora como o seriado Machos Alfas (2022), disponível no streaming Netflix, contribuiu para tensionar acerca da perpetuação das normas de gênero, especialmente as relativas à masculinidade, e como essas representações moldam e refletem as práticas e percepções sociais contemporâneas. A questão central deste estudo é compreender de que maneira as imagens e narrativas midiáticas de masculinidade representam as normas de gênero. Para abordar essa questão, a pesquisa realiza uma análise detalhada das representações de masculinidades em tensionamento no seriado supramencionado e o impacto dessas representações nas percepções e práticas de gênero na sociedade. A metodologia inclui análise de conteúdo sobre o corpus selecionado. Os principais objetivos do estudo são: (1) examinar como a cultura de massa representa a masculinidade no seriado em questão, (2) considerar o processo pelo qual a cultura de massas naturaliza as construções culturais, (3) analisar a representação da masculinidade hegemônica e das normas de gênero na produção audiovisual. As referências teóricas centrais são autores (e pensadores) como Bourdieu, Bardin, Contrera, Morin, Connel, Castoriadis e outros.

Palavras-chave: Estereótipos masculinos; seriado machos alfas; cultura de massa; mediosfera; masculinidade hegemônica.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Mídia e Estudos do Imaginário.